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Início > Especialidades Médicas > Desabituação Tabágica

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Desabituação tabágica


Dr Pedro Gonçalo Ferreira

Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra


Tabagismo

O tabagismo é largamente reconhecido como um grave problema de saúde pública, responsável por elevada morbilidade e mortalidade. Na verdade, o fumo do cigarro é a principal causa evitável de doença e morte prematura, sendo o principal factor de risco evitável para vários cancros e doença respiratória. O apoio na desabituação tabágica e o encorajamento á abstinência é pois de primordial importância e, ainda que as propriedades psico-aditivas da nicotina possam tornar a cessação difícil, esta tem benefícios imediatos e a médio/longo prazo.

Qual a acção do tabaco?

Do ponto de vista de saúde, o tabaco pode ser dividido em 4 grupos: a nicotina - é a principal responsável pela habituação, pois desenvolve fenómenos de tolerância e dependência, semelhante ao das drogas ilícitas; o monóxido de carbono - combina-se com a hemoglobina - responsável pelo transporte de oxigénio no sangue - dificultando a sua distribuição pelas células; as substâncias irritantes - alteram a quantidade e características do muco produzido nos pulmões e vias respiratórias; as substâncias cancerígenas - são as partículas com capacidade de promover e induzir um processo tumoral. Destes, em especial o alcatrão e os irritantes são responsáveis pelo cancro do pulmão e pela bronquite crónica e enfisema enquanto a nicotina e o monóxido de carbono estão implicados nas doenças cardio-vasculares. O efeito sobejamente conhecido do tabaco é o cancro do pulmão, mas está longe de ser o único malefício. Destacam-se também os cancros da cavidade oral, laringe, faringe, esófago, estômago, pâncreas, rim, bexiga e endométrio. Além dos tumores, destacam-se a bronquite crónica e enfisema, doenças cardio-vasculares como o enfarte de miocárdio e angina de peito, doenças cerebrovasculares, como a trombose e hemorragia cerebral, e a impotência e diminuição da fertilidade. Na gravidez está associado a aborto espontâneo, menor peso do recém-nascido por restrição de crescimento, parto prematuro, doença hipertensiva da gravidez e morte fetal.

Porque é tão difícil deixar de fumar?

A nicotina é o principal responsável pela habituação e induz uma dupla dependência, fisiológica e psicológica, que se estabelece com grande rapidez. Acresce ainda uma dependência comportamental que é constante nos fumadores e que está ligada a rituais de acender e manusear o tabaco e a hábitos sociais e individuais, que dão origem a verdadeiros reflexos condicionados.

Quais os benefícios de deixar de fumar?

Os benefícios de deixar de fumar são múltiplos e múltiplos deles já expostos. Um ano após deixar de fumar os riscos de doença cardíaca/coronária reduz-se 50% e em 15 anos o risco relativo de morrer de doença coronária é semelhante ao do não-fumador. Também o risco de cancro do pulmão diminui ainda que mais lentamente, para se aproximar do dos não fumadores ao fim de 15 anos. Deixar de fumar reduz a incidência de sintomas respiratórios, tais como a tosse, expectoração e pieira, bem como as infecções respiratórias. As mulheres que deixam de fumar quando engravidam, e principalmente antes de engravidar, reduzem as complicações da gravidez, do feto/recém-nascido e do parto. Por fim, os benefícios para a saúde excedem de longe os riscos de aumento de peso (em média 2-3Kg) associados à cessação tabágica, ou quaisquer perturbações psicológicas decorrentes do abandono do tabaco. As mulheres em idade reprodutiva estão em duplo risco, pois se engravidam a fumar expõem-se a elas e ao seu filho aos malefícios do tabaco, no entanto devem ter sempre presente que a toma de uma pílula combinada (com estrogénio e progestativo - as largamente mais usadas) estão desaconselhadas ou mesmo absolutamente contra-indicada em associação com o tabaco.

De forma acessória, reconhece-se também a vantagem económica de alcançar a cessação tabágica (a título de exemplo, um indivíduo que fuma 1 maço/dia, a somar ao malefício à sua saúde, gastará ao final do ano quase 1500 euros).

Qual o papel do Médico na desabituação tabágica?

A cessação tabágica tem mais probabilidade de sucesso se tiver a intervenção de profissionais de saúde. Está provado que o acompanhamento médico, designadamente na vertente de intervenção comportamental e de terapêutica de substituição nicotínica, aliadas à indispensável motivação do fumador, mostraram melhorar as taxas de abstenção tabágica. Cerca de 70 a 80% dos fumadores activos querem deixar de fumar e consideram que o aconselhamento médico seria importante. A presença de sensibilidade médica para o tema, preparação científica, capacidade de motivação e orientação terapêutica rigorosa e adequada são mais valias para qualquer fumador.

A prática tabágica não é naturalmente uniforme sendo importante identificar o tipo de fumador (ocasional, por prazer, em stress, por hábito, aditivo, misto, etc) e individualizar uma abordagem.

Quais os objectivos da consulta?

Durante uma consulta são determinados os hábitos tabágicos, factores de risco cardiovasculares, estabelecidas metas, objectivos e prazos, aconselhamento do melhor plano, tratamento com estratégias de substituição nicotínica ou outros fármacos, salvaguardando indicações e contra-indicações específicas. É também realizado o diagnóstico activo de sintomas associados à abstinência e uma proposta de seguimento em consulta pelo menos a 1, 3, 6 e 12 meses.